Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha historia no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse - "ai, meu Deus, que história mais engraçada". E então contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria - "mas essa história é mesmo muito engraçada!" (...)
Braga, Rubem. Meu Ideal seria escrever... A traição das elegantes. Rio de Janeiro: 2006
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